domingo, 29 de maio de 2011

Saia de Pedras - Porto-Portugal

Performance ocorrida no dia 29 de maio na cidade do Porto-Portugal, na 8a edição do evento “Serralves em festa”, evento anual que ocorre em Serralves, instituição cultural que tem como missão sensibilizar o público para a arte contemporânea e o ambiente, através do Museu de Arte Contemporânea como centro pluridisciplinar. A intervenção foi realizada com a ajuda de amigos que fizeram todo o registro da ação. Durante cerca de duas horas andei pelos espaços do jardim onde ocorriam espetáculos de dança, teatro e música. Vestida de branco e com o rosto pintado de branco, tinha o objetivo de ser um corpo anônimo, mas não completamente pois carregava uma saia de pedras. Eram saquinhos brancos e trans- parentes que traziam pedras com o nome “Brasil” cuidadosamente escritos em branco em cada uma delas. Eram trinta pedrinhas que dispostas em minha cintura formavam uma pequena saia.


A performance consistiu em percorrer o jardim e abordar as pessoas. Perguntava-as: Qual a tua idéia de Brasil? Pedia-as para responder com uma palavra escrita em um pequeno papel que depois guardava-o em um dos saquinhos juntamente com a pedra, escolhida por elas mesmas. Depois disso as presenteava com um saquinho com uma pedra dizendo-lhes: “Ofereço-te uma outra idéia de Brasil, pode parecer muito dura e estável, mas é só ter um pouco de paciência que ela se desfaz e se transforma. Obrigada.” Outras vezes falava: “Minha saia pesa, preciso que você me ajude.” Uma mulher disse que ajudava com todo o prazer e que nós brasileiros estávamos aqui para alegrar este país. Como uma semeadora, fui aos poucos desfazendo minha saia e deixando pedras no caminho. Algumas coloquei em árvores, outras dei- xei em algum banco, as demais ofereci as pessoas que passavam por mim. As reações foram diversas, poucas pessoas recusaram-se em participar, a maioria parecia muito feliz com o presente. Talvez porque o lugar não era uma rua ou um espaço público comum e sim um espaço institucional onde aceitava-se e produzia-se arte ou discursos artísticos.


No final da ação, fui entrevistada por uma jornalista, foi quando tive oportunidade de explicar o que estava fazendo. É importante dizer que minha performance não fez parte da programação do evento, sendo realizada de forma independente. Queria aproveitar aquele público e experimentar, propor ques- tões, deixar minhas questões, interferir, dialogar, incitar curiosidades etc. O objetivo da performance foi construir um discurso poético sobre o conceito de identidade e todo o seu caráter mutável e dinâmico. Um discurso construído não só por mim, e sim proposto pelo meu corpo e produzido coletivamente no diálogo e nas ações acontecidas durante um breve percurso.