"Experiências poéticas sobre as representações da mulher brasileira no imaginário português" Pesquisa de Mestrado em Design da Imagem da Universidade do Porto-Portugal 2009-2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
EXPOSIÇÃO
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Manifesto em repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Corpo des-mapeado
“Corpo des-mapeado” é um corpo mutante e criativo com sentidos mais aguçados a tudo que o cerca. Ele tenta trabalhar como um todo, fugindo desta maneira da frag- mentação que lhe é prometida a todo instante. Um corpo que estranha-se e brinca com suas vestimentas, usando-as quando acha que é necessário, como também, ao transmutar-se, deixa-as no caminho para serem vestidas por outros corpos. Este corpo tenta encontrar atalhos para seguir desviando-se dos cami- nhos principais, mas muitas vezes utiliza-os como ferramenta afim de chegar a algum lugar onde possa dialogar, vivenciar e inventar novas rotas.
A viagem
Há sete anos atrás, numa viagem turística com minha família, conheci Portugal e encantei-me pela antiga, cinzenta e bucólica cidade do Porto. Apesar de nunca ter estado naquele lugar, as águas do rio Douro trouxeram-me memórias de infância, como toda a atmosfera da cidade fazia-me um convite a uma viagem mais íntima e subjetiva comigo mesma. Vol- tei para o Brasil e depois de quatro anos decidi voltar ao Porto com objetivos mais práticos, estudar e especializar-me na área que então trabalhava, o design gráfico, como também ter a experiência de morar e conhecer outros lugares e pessoas. Posso dizer que a experiência trouxe um retorno àquela rápida e profunda relação que tive com esse lugar, apresentando-se, desta vez, como uma viagem mais interna do que propriamente externa, senti-me mais eu, mais Janaina.
O discurso corporal...
Sardinhas, Intervenção Urbana no Porto
“Sardinhas” é uma intervenção com sticks na cidade do Porto que aconteceu na tradicional festa de São João. A cidade fica toda colorida, o cheiro de sardinha toma as ruas, sons dos martelinhos de plástico começam a ressoar, guloseimas de vários tipos são vendidas e a cidade prepara-se para assistir o espetá- culo de fogos de artifícios que acontece na Ribeira, local turístico da cidade. O trabalho utilizou um dos símbolos da festa, a sardinha. Segundo o historiador Hélder Pacheco (2011), as verdadeiras origens da festa estão intimamente ligadas ao culto do sol, da natureza, do fogo e da fecundidade, sendo assim uma festa de origem pagã, dedicada ao solstício de Verão. Os sticks foram fixados na área onde tradicional- mente há anos acontece a festa, na Ribeira. Os formatos de sardinhas coloridas escondem um embalado corpo nu feminino. Corpo este que faz referência às simbologias pagãs primárias da festa, porém, é um corpo feminino que embalado parece infértil, mas que ao ser fixado em painéis de propaganda tenta libertar-se. Acontece um diálogo entre um mundo tradicional e primário e a propaganda, linguagem moderna já tão comum no nosso quotidiano. As intervenções foram realizadas com outras pessoas ad- quirindo uma produção coletiva, em que surgiram diálogos e impressões diversas que enriqueceram o trabalho.
Arte urbana
Imagem por encomenda
Este trabalho foi realizado utilizando-se do espaço público como suporte criativo. Sticks, adesivos uti- lizados em intervenções urbanas, com a imagem de dois corpos femininos nus emplastificados foram colados em diversos locais da cidade do Porto, Lisboa e Madrid. Sem tempo definido, sendo produzido de maneira espontânea a pequena imagem intervém em publicidades, em vitrines comerciais, como também em sinalizações no meio urbano. A idéia partiu do conceito de estereotipo, em que imagens do outro são construídas pelos meios de comunicação de massa influenciando no palpável quotidiano social. Esta experiência foi formulada juntamente com outras pessoas, fazendo parte de uma iniciativa do coletivo artístico Escola Livre de Arte Subversiva - ELAS, do qual faço parte no Brasil.
A imagem fictícia pode ir além de influenciar a realidade, transformar-se na própria realidade, é o que acontece por exemplo na publicidade e nos media. Neste trabalho, na medida em que vai-se construindo um diálogo com a cidade e suas simbologias, o discurso expande-se e dialoga com a rua que oferece imensas informações. Inserindo-se dentro do universo das artes de ruas, utiliza-se destes espaços como principal suporte criativo.
Refugiar-se...
domingo, 29 de maio de 2011
Saia de Pedras - Porto-Portugal
Performance ocorrida no dia 29 de maio na cidade do Porto-Portugal, na 8a edição do evento “Serralves em festa”, evento anual que ocorre em Serralves, instituição cultural que tem como missão sensibilizar o público para a arte contemporânea e o ambiente, através do Museu de Arte Contemporânea como centro pluridisciplinar. A intervenção foi realizada com a ajuda de amigos que fizeram todo o registro da ação. Durante cerca de duas horas andei pelos espaços do jardim onde ocorriam espetáculos de dança, teatro e música. Vestida de branco e com o rosto pintado de branco, tinha o objetivo de ser um corpo anônimo, mas não completamente pois carregava uma saia de pedras. Eram saquinhos brancos e trans- parentes que traziam pedras com o nome “Brasil” cuidadosamente escritos em branco em cada uma delas. Eram trinta pedrinhas que dispostas em minha cintura formavam uma pequena saia.
A performance consistiu em percorrer o jardim e abordar as pessoas. Perguntava-as: Qual a tua idéia de Brasil? Pedia-as para responder com uma palavra escrita em um pequeno papel que depois guardava-o em um dos saquinhos juntamente com a pedra, escolhida por elas mesmas. Depois disso as presenteava com um saquinho com uma pedra dizendo-lhes: “Ofereço-te uma outra idéia de Brasil, pode parecer muito dura e estável, mas é só ter um pouco de paciência que ela se desfaz e se transforma. Obrigada.” Outras vezes falava: “Minha saia pesa, preciso que você me ajude.” Uma mulher disse que ajudava com todo o prazer e que nós brasileiros estávamos aqui para alegrar este país. Como uma semeadora, fui aos poucos desfazendo minha saia e deixando pedras no caminho. Algumas coloquei em árvores, outras dei- xei em algum banco, as demais ofereci as pessoas que passavam por mim. As reações foram diversas, poucas pessoas recusaram-se em participar, a maioria parecia muito feliz com o presente. Talvez porque o lugar não era uma rua ou um espaço público comum e sim um espaço institucional onde aceitava-se e produzia-se arte ou discursos artísticos.
No final da ação, fui entrevistada por uma jornalista, foi quando tive oportunidade de explicar o que estava fazendo. É importante dizer que minha performance não fez parte da programação do evento, sendo realizada de forma independente. Queria aproveitar aquele público e experimentar, propor ques- tões, deixar minhas questões, interferir, dialogar, incitar curiosidades etc. O objetivo da performance foi construir um discurso poético sobre o conceito de identidade e todo o seu caráter mutável e dinâmico. Um discurso construído não só por mim, e sim proposto pelo meu corpo e produzido coletivamente no diálogo e nas ações acontecidas durante um breve percurso.
domingo, 13 de março de 2011
Corpos mapeados: 8 DE MARÇO!!
terça-feira, 8 de março de 2011
8 DE MARÇO!!
Quero gritar nesta data simbólica que sou feminista e não tenho medo nem vergonha de dizer isso. Ser feminista não é estar fora de moda. Não é estar fora do tempo e do espaço. Não é carregar muitas taxações que foram colocadas a este movimento que só se iniciou e que se transforma a cada momento. Ser feminista é viver esta organicidade mutuante de ser mulher. Agradeço e louvo as mulheres que a um tempo atrás queimaram seus sutiãs, colocaram a público suas angústias, tentaram entender sua situação no mundo, assumiram sua feminilidade rompendo com tabus construídos a anos. Essas mulheres, há pouquíssimo tempo atrás, deram início a construção colectiva de uma visão mais feminina do mundo. Esse caminho ainda estar sendo trilhado por muitas mulheres hoje, ainda a muito o que plantar. Ainda a muito o que dizer. Não se trata de uma guerra entre sexos, como muito se critica hoje estas vozes. Guerras já estão fora de moda. É mais do que isso, é a lembrança do lado feminino do todo, da linda, fértil e feminina mãe terra, da qual fazemos todos partes, homens e mulheres. É a lembrança da feminilidade de cada um para a construção colectiva de um mundo mais justo, mais fraterno, sem estereótipos, mais vivo…. SAUDO A TODOS NESTA DATA, MULHERES E HOMENS!!!
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
Série
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
domingo, 9 de janeiro de 2011
Batom que cala
Boca
La boca
territórios
entradas
saídas
palavras
línguas
sexos
fluxos
identidade?
identidades?
Calo-te agora
Verbalizas teu pranto
Tantos batons te pintaram
Tantos espelhos te olharam
Tantas bocas te beijaram
Tantas vezes estavas aberta
Sempre aberta…
Passagem certa...
Cega…
Agora cala-te.
Ouço melhor o teu fino grito.
O batom vermelho esteve sempre ali
a pintar-te por inteira…
Ele sempre estave ali
procurando-te...
Limites de tuas fronteiras.
Já é hora,
cala-te!
O teu vermelho
já não pertence mais a minha boca.
Dantes te enfeitavas,
agora vens comigo,
alimentas minha fome,
preenches o meu tempo.
tempo perdido
tempo roubado
tempo maquiado
vens...
e procuras sedento…
outros territórios…
outros planos
outras realidades…
Ficar distante de si mesmo.
Ser o outro, ver o outro
e avermelhar-se
de dor e de paixão.
Uma boca fechada é pintada de batom vermelho. O batom é passado repetidamente na boca. Uma cena simples, corriqueira. Uma mão feminina pinta a própria boca. Mas parece que falta algo neste gesto tão banal. Não abre-se a boca. Ela fica calada durante todo o tempo em que é pintada repetidamente. Num primeiro instante o batom manter-se dentro da área permitida, nos lábios, mas poucos segundos depois já ultrapassa fronteiras deste território.
Virgem vermelha
Virgem vermelha é um trabalho em que pretende questionar o lugar que a mulher ocupa dentro dos sistemas religiosos.
As religiões tendem muitas vezes, com o passar do tempo a sacralizar os sistemas dominantes. No Cristianismo construiu-se o mito em que Deus tira a mulher do corpo de homem, especificamente de uma costela. O homem então teve a capacidade de parir a mulher e não o contrário, como em culturas anteriores, em que a capacidade natural das mulheres parirem dava às mulheres um carácter sagrado. A mulher então, no cristianismo é seduzida pela serpente e induz o homem a comer o fruto do conhecimento do bem e do mal que fora proibida por Deus sob pena de morte. E por isso são punidos e expulsos do paraíso. Assim a mulher passa a ser ao mesmo tempo desprezada e temida por ser a causa dessa tragédia. Daí para sempre a mulher ocidental vai carregar essa culpa, principalmente na área da sexualidade. Ela vai ser considerada a tentadora, a culpada de todos os males, aquela qeu perturba a relação do homem com a transcendência. Ela é a sedutora, a desestabilizadora do homem e do poder. (Rose Maria Murano, 1990)
Desta forma todo um lado de paixão, sedução, sensualidade foi durante muito tempo reprimido nas mulheres, contribuindo para a construção de um subconsciente feminino que ainda persiste nos dias de hoje. Maria, mãe de Jesus representa o contrário desse arquétipo, ou seja, a bondade, o amor materno, a virgindade, a pureza.
A virgem vermelha proporciona visualmente um encontro com os contrários, o bem e o mal, a pureza e a sedução, a inocência e a sensualidade etc. Opostos estes que, diferente do que se pensa commumente, se complementam no arquétipo feminino inicial e não se contradizem. No processo de formação da civilização patriarcal estas características separaram-se e as pessoas são regidas por dualidades, partindo da principal delas, a sexualidade masculina e feminina.
Mulher brasileira no banheiro
Esta acção "Mulher brasileira no banheiro" fez parte do evento "Manifesta, Festival das Artes", um movimento coletivo de jovens artistas que ocorreu no Theatro José de Alencar, envolvendo mais de 200 artistas de todas as liguagens e expressões, em uma única noite, numa maratona cultural de 18 às 6 horas da manhã do dia 18 de setembro de 2010, em Fortaleza, Brasil.
"Mulher brasileira no banheiro" é um prolongamento da acção "Carimbada". Acontece no banheiro das mulheres e dos homens do teatro. Tudo acontece por aproximadamente quarenta minutos. Entro no banheiro e inicio a performance carimbando todo o meu corpo ao olhar para o grande espelho do banheiro, o que depois é todo marcado pelo carimbo. Finalizo a acção passando batom vermelho nos meus lábios e beijando o espelho por alguns minutos.
Ocorreu uma interacção com as pessoas que entravam naqueles espaços. Algumas mulheres pediram para serem marcadas, outras perguntavam o que eu queria dizer com aquilo, enquanto outras olhavam sem interesse. Escrevi a palavra "boa" no espelho com batom, adjectivo este bastante utilizado no Brasil para as mulheres, tanto em comerciais televisivos, como corriqueiramente nas ruas. Esta é uma das muitas maneiras que contribuem para a referencia ao corpo da mulher como objecto sexual de posse masculina.
No banheiro dos homens houve uma quebra maior de acções corriqueiras e habituais. Primeiro eu como mulher naquele ambiente já chamava muita atenção, depois o fato de carimbar "mulher brasileira" no espelho em que se olhavam somente homens. Um rapaz indagou "Se fosse um homem entrando no banheiro das mulheres era lixado, mas você meu amor pode ficar aqui...". Eu falei "claro, sou uma mulher brasileira muito boa e gostosa por isso posso." Com minha resposta tive o objectivo de ironizar aquele comentário tipicamente masculino.
Penso que com este trabalho pude questionar as construções sociais de género na sociedade. Ao entrar em lugares inadequados para o meu corpo, como também ao agir de maneira inesperada, pude contribuir talvez para uma quebra de paradigmas na sociedade em que vivemos.
A performance também interagiu, como também complementou-se, com a intervenção da artista plástica Bartira Albuquerque, que fixou na porta dos banheiros a pergunta "O que é ser homem?".
Carimbada
Esta performance foi realizada em 2010 na cidade de Fortaleza, no Brasil, no "Seminário Internacional Arte Pública Relacional como Prática Social", ocorrido nos dias 23 a 28 de agosto.
O trabalho consistiu em andar por um espaço público e aos poucos se auto carimbar com o nome "Mulher brasileira". Depois de carimbar-se toda, olhando para um espelho que retiro da bolsa, passo exacerbadamente um batom vermelho nos lábios e nas partes íntimas, seios, vagina e bunda (sobre a roupa). O trabalho teve duração de uma hora aproximadamente.
No percurso da ação ocorreu interacção com público que ocupava aquele mesmo espaço. Na praça estava acontecendo o evento que reunia artistas interventores, músicos, pesquisadores, artesãos, moradores do bairro e o público em geral. Desta forma penso que a reacção daquelas pessoas estava directamente ligada ao perfil das pessoas que estavam ali naquele momento, ou seja, não era um púbico comum, tinham suas especificidades, eram parte de um mesmo nicho social.
Inicio a acção agindo como uma simples participante do evento e, conversando com amigos, começo a marcar o meu próprio corpo. É então que me despeço daquele grupo e começo a percorrer a praça parando em alguns momentos para marcar-me mais um pouco. Sento no chão, no meio da praça, e marco todas as minhas pernas. Depois, em outro momento, marco os meus braços. Foi então que comecei a pedir para que as pessoas me carimbassem em lugares que eu não podia ver, como nas costas. Depois começo a levantar a roupa para carimbar as partes íntimas do meu corpo. Percebi que neste momento comecei a chamar mais atenção. Marco as partes íntimas da frente por cima das peças íntimas que usava. Depois começo a interagir com homens que passavam por mim oferecendo-lhes o carimbo para que marcassem a minha bunda. Depois de cerca de uma hora, no meio da praça, finalizo o trabalho retirando um espelho e um batom vermelho da bolsa. Paço por cerca de cinco minutos o batom na boca e por volta dela e depois marco minhas partes íntimas com ele.
A acção gerou vários tipos de reacções, desde olhares desconfiados, até pessoas que parabenizaram o trabalho. Um rapaz homossexual pediu que eu o carimbasse sua bunda. Uma moça soltou palavras como "é isso aí, mulher é só bunda, só carne", parecia que ironizava. Outras mulheres pediram para ser marcadas com o carimbo e saiam dizendo "sou sim, muito brasileira". Homens também pediam para serem carimbados. Muitos me pediram explicação para tudo aquilo, eu ficava calada na maioria das vezes, sabia que só a acção já falava muito, as palavras não faziam parte da obra, meu corpo e o que eu fazia já falava muito.
Através desta acção tento materializar um sentimento que tenho com relação a mulher brasileira dentro e fora de seu país de origem. Assim utilizo o carimbo como objecto que taxa e marca outros corpos como a si mesmo. O batom vermelho traz um símbolo de beleza, sensualidade, mas também de dor. O espelho participa da obra não como objecto que intensifica a formação do ego deste modelo de mulher construído socialmente, mas como testemunha de um auto reconhecimento desta mulher marcada e estereotipada, abrindo possibilidades de processos de resignificação de identidades.
Corpos em fluxos
Corpos que constroem narrativas humanas quando transportados espacialmente no globo terrestre. Com o avanço das tecnologias o mundo parece menor, consegue-se facilmente transportar-se em espaços geograficamente de grandes distancias. Com isso abriu-se mais possibilidades de encontros, um transito de influencias culturais intensificou-se, mas ao mesmo tempo particularidades identitárias fortificaram-se.
É girando em torno destas questões que este trabalho apresenta 20 imagens produzidas a partir de fusões de maneira intuitiva e experimental. O trabalho centra-se na ideia de corpos mapeados, corpos com referencias identitárias, que com o processo de deslocamento sofrem transmutações e ao mesmo tempo consciência de si próprio no tempo e no espaço.
Para focalizar o tema de estudo, utiliza-se o corpo especifico da mulher, um corpo particular. Tenta-se através das imagens esmiuçar o universo feminino e suas peculiaridades. Mais ainda, um corpo nu em seus pormenores que parece sem identidade alguma, que com o processo experimental ganha referências histórico-socio-culturais. Tais referencias tentam evocar, como na metáfora de um espelho, como eles se vêem e como são vistos, e por fim mapeados ou como podem vir a ser mapeados.
"Mulher Navio Negreiro", Tom Zé
“(...) Mulher – Divino Luxo – Navio Negreiro
Graal – Puro Cristal – Desespero
Rosa-robô – Cachorrinho – Tesouro,
Ninguém suspeita dor neste ideal,
A dor ninguém suspeita imperial.
Eucaristia – Ascensão – Desgraça,
Filé-mignon – Púbis, Traseiro – Alcatra,
Banca de Revista – Açougue Informal – Plena Praça,
Ninguém suspeita dor neste ideal,
A dor ninguém suspeita imperial (...)”
“Corpos mapeados”: Uma proposta de desterritorialização do corpo feminino brasileiro no imaginário português
O conhecimento desta pesquisa será obtido a partir da prática experimental, sendo portanto, dentro das classificações oferecidas pelo mestrado de design da imagem, uma Pesquisa por Projecto.
Através da experiência da pesquisadora e diante da imagem que é produzida acerca da mulher brasileira historicamente e actualmente pelos media, pretende-se fazer um trabalho de resignificação dessas identidades femininas. Para isso, depois de um apurado diagnóstico por meio de pesquisa bibliográfica e iconográfica, o estudo se delineará através da produção experimental de imagens, utilizando os mais diversos meios de expressão, como fotografia digital, intervenção urbana, vídeo, performance etc.
Todo corpo carrega identidades que o mapeia. Corpos mapeados que trazem referencias, memorias e simbologias. No embate com outros universos referenciais, estas identidades afloram e ganham vida, se fortificam. Neste processo de tomada de consciência de si mesmos, descobrem-se como se é visto pelo outro, através dos chamados estereótipos. Na maioria das vezes estas visões rotulam as pessoas em vez de as aproximar.
Com este estudo pretende-se discutir estas questões e construir uma “corpografia” da mulher brasileira, ou seja, desconstruir e propor novas referências deste universo imaginado que interfere na vida quotidiana de muitas brasileiras que vivem em Portugal.