domingo, 9 de janeiro de 2011

Virgem vermelha

Virgem vermelha é um trabalho em que pretende questionar o lugar que a mulher ocupa dentro dos sistemas religiosos.


As religiões tendem muitas vezes, com o passar do tempo a sacralizar os sistemas dominantes. No Cristianismo construiu-se o mito em que Deus tira a mulher do corpo de homem, especificamente de uma costela. O homem então teve a capacidade de parir a mulher e não o contrário, como em culturas anteriores, em que a capacidade natural das mulheres parirem dava às mulheres um carácter sagrado. A mulher então, no cristianismo é seduzida pela serpente e induz o homem a comer o fruto do conhecimento do bem e do mal que fora proibida por Deus sob pena de morte. E por isso são punidos e expulsos do paraíso. Assim a mulher passa a ser ao mesmo tempo desprezada e temida por ser a causa dessa tragédia. Daí para sempre a mulher ocidental vai carregar essa culpa, principalmente na área da sexualidade. Ela vai ser considerada a tentadora, a culpada de todos os males, aquela qeu perturba a relação do homem com a transcendência. Ela é a sedutora, a desestabilizadora do homem e do poder. (Rose Maria Murano, 1990)


Desta forma todo um lado de paixão, sedução, sensualidade foi durante muito tempo reprimido nas mulheres, contribuindo para a construção de um subconsciente feminino que ainda persiste nos dias de hoje. Maria, mãe de Jesus representa o contrário desse arquétipo, ou seja, a bondade, o amor materno, a virgindade, a pureza.


A virgem vermelha proporciona visualmente um encontro com os contrários, o bem e o mal, a pureza e a sedução, a inocência e a sensualidade etc. Opostos estes que, diferente do que se pensa commumente, se complementam no arquétipo feminino inicial e não se contradizem. No processo de formação da civilização patriarcal estas características separaram-se e as pessoas são regidas por dualidades, partindo da principal delas, a sexualidade masculina e feminina.

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